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BIBLIOTECA PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

   Assim que chegamos na biblioteca, pudemos observar que os arredores do local são bem tranquilos, ao passarmos pelo portão já é possível ver um bom espaço aberto onde as vezes acontecem a apresentações. A recepção assim como todos os espaços são acolhedores, e bem organizados. Fez com que a gente se sentisse bem acolhido, a ponto de parecer que não era a primeira vez que estávamos ali.

    A biblioteca fica na Rua Antônio Maia, 615.

   Abaixo segue a entrevista que o grupo realizou no local com a Coordenadora Maria Elisabeth Pedrosa.

    Pergunta: Qual o histórico da biblioteca e como ela chegou ao bairro?

    Resposta: Todas as bibliotecas públicas municipais de São Paulo, pertencem à um sistema municipal de bibliotecas que é gerido pela coordenadoria do sistema municipal de bibliotecas da secretaria de cultura, então todas estão nesse guarda-chuva. A maioria das bibliotecas são 51, foram criadas entre as décadas de 40, 70 até 80, daí quase não surgem bibliotecas novas. Essa biblioteca foi criada oficialmente na década de 60 funcionava em uma casinha ali olha, nesse mesmo terreno, nessa construção pequena (a coordenadora mostra uma foto antiga, pendurada na parede).
    Ai no final de 60 é fechada e constrói esse novo prédio, que é inaugurado em 73, ai tem um processo, as bibliotecas públicas vão sofrendo um processo social passam a ser muito vistas por uma perspectiva escolar, que é aquela velha memória da biblioteca pública, da pesquisa das crianças, do silêncio, toda essa coisa, e nos anos 2000 mais ou menos, com o acesso à internet, até as escolas passam a ter um acervo de livros, então ela vai perdendo esse caráter escolarizado e ganhando o espaço real dela , que é o espaço da cultura.  Então por isso, mais recentemente, 2010 por aí, ela vai ganhando essa força na programação cultural, e então mantém o acervo e esse papel de biblioteca, local de empréstimo de pesquisa, de estudo, das atividades, além da leitura.

    Pergunta: Como é o acervo, as pessoas procuram muito para fazer pesquisas?
    Resposta: O acervo é numericamente 36.000 quase 37.000, que é um acervo razoável. E também segue um pouco a linha que eu disse anteriormente (quando nos mostrou os livros, antes da entrevista), antigamente era um acervo muito focado nos livros didáticos, nos livros de pesquisa. E agora mais de 60% é literatura, que também vai fazendo esse caminho, vai caminhando para a cultura, e se distanciando um pouco da escolarização, temos um acervo que vem de compra da própria coordenaria de bibliotecas, praticamente todo mês vêm livros novos, sempre com grande foco na literatura, ou lançamentos, ou também livros de vestibular, isso tem ainda uma importância grande no acervo e é necessário. Tem uma demanda com relação ao uso, uso para pesquisa é pequeno, o uso para empréstimo de literatura bem razoável, não só para empréstimos, como também para atividades. Tem um acervo infantil lá embaixo, na hora do almoço lota de crianças que estão indo ou saindo da escola, que curti um pouco, as vezes a C.E.I aqui por exemplo, todo dia vem com as crianças fazer uma mediação, mas é isso sempre mais caminhando para esse lado da literatura mesmo.

 

    Pergunta: Muitas pessoas do bairro visitam a biblioteca, e quais são os perfis?

    Resposta: Nós temos uma média de público de 6.000 a 7.000 pessoas por mês, que é um número razoável. O perfil é bem distribuído, pesquisamos por faixas etárias, que são crianças, jovens, adultos e idosos. É bem distribuído entre crianças, jovens e adultos, com maior presença de jovens e crianças, e depois adultos e pouquíssimos idosos realmente é um número acho que não daria nem 10%, mas dá para supor coisas de acesso a leitura, que a maioria das pessoas idosas provavelmente também não tiveram acesso a uma educação formal, então não leem tanto, mas a gente supõe. Porque vem pessoas mais velhas, mas normalmente acompanhando crianças ou jovens, adolescentes, mas elas mesmas são poucas, eu diria que dão uns 10%.

    Pergunta: Na sua opinião qual é a importância da biblioteca para o bairro?

    Resposta: Aí é duro né, eu acho totalmente importante, nós somos o único equipamento publico da secretária de cultura em Perus. Eu acho que a biblioteca tem esse papel de propiciar várias coisas que vão muito além da leitura, de programação, não só de programação teatral, mas de cursos de encontros, espaços de reuniões. Um espaço de nada, como eu disse, a pessoa está aqui no bom prato, a pessoa está aqui por estar, tranquilamente. Não precisa estar necessariamente desenvolvendo uma atividade, mas um espaço de convivência, de encontro, acho que ela é um – Entrevistadora: Ela é um espaço multifuncional- totalmente assim, e é uma coisa também que eu gosto de repetir, é o único equipamento público, as bibliotecas sendo culturais, são realmente abertas ao público, porque você não precisa entrar aqui e falar “Eu vou fazer tal coisa”, você e entra e coloca o seu nome que é uma coisa estatística que a gente faz só, e pronto, ninguém vai te perguntar “ah, mas você não está lendo, porque você está aqui?”.

    Pergunta: E o você acha desse fechamento em massa que nós estamos tendo das livrarias, e das substituições dos livros físicos pelos virtuais?

    Resposta: Esse é um tema e tanto. Não acho que existe efetivamente a substituição do livro físico pelo virtual em termos de literatura, termos acadêmicos, com certeza. Mas de literatura em si é insignificante, o livro eletrônico é 3% da produção, as pessoas em geral fizeram uma grande aposta nessa substituição que não se concretizou, muito pelo contrário ela até teve um ponto maior no uso do eletrônico, mas não viabilizou. Não foi possível – Entrevistadora: Mesmo com esse avanço tecnológico- mesmo com tudo, não vai, o mercado não cresce. Acho que não chega à 3% do livro eletrônico, mas em termos de livros acadêmicos, aí realmente é impressionante. Então, acho que isso chega a interferir um pouquinho na biblioteca nesse sentido que eu falei da pesquisa, para de ter tanta escolarização de pesquisa, porque realmente, você puxa tese, puxa artigos cientifico, qualquer coisa na internet de confiança e garantido. Então a biblioteca, pelo menos a biblioteca pública vai perder esse papel, mas em termos de literatura e do nosso foco maior, não tem alteração. Não chega a impactar mesmo. Eu não tenho nenhum dado mais profundo, mas sei que as pessoas não aderiram.

 

    Pergunta: Como isso impacta a biblioteca?

   Resposta: não chega a impactar. E eu diria que as pessoas nem pedem. E nem fala “Vocês emprestam eletrônico?”. Aqui não, não sei em bibliotecas talvez mais centrais, mas aqui eu não vejo essa demanda. E não funciona, a gente sabe que não funciona, mesmo com a gente, a gente compra o aparelho, não é a mesma coisa ler literatura ali, e ler literatura no papel, é outra relação. É e também como sempre, é historicamente, é o clássico, quando lançaram a TV ia acabar o rádio, não acabou o rádio, acho que dá para conviver também, – entrevistadora: tem espaço para as duas coisas- tem espaço para tudo.

PADRE JOSÉ DE ANCHIETA LIBRARY

   As soon as we arrived at the library, we could see that the surroundings of the place are very quiet; passing through the gate you can already see a good open space where sometimes happen presentations. The reception as well as all the spaces is cozy and well organized. It made us feel welcomed, to the point that it wasn't the first time we were there.

    The library is at Antonio Maia Street, 615.

 

   Below is the interview that the group conducted on site with Coordinator Maria Elisabeth Pedrosa.

    Question: What is the history of the library and how did it get to the neighborhood?

   Answer: All the public libraries in São Paulo, belong to a municipal library system that is managed by the municipal library system coordinator of the culture secretariat most libraries were created between the 40's, 70's and 80's, so there are hardly any new libraries. This library was officially created in the 60's. It worked in a small house there, look, in this same terrain, in this small building (the coordinator shows an old photo, hanging on the wall).

   Then at the end of 1960 is closed and builds this new building, which opened in 1973, there is a process, the public libraries are undergoing a social process, come to be very much seen from a school perspective, which is that old memory of the public library of children's research, of silence, all this stuff, and in the 2000s or so, with internet access even the schools have a collection of books, then the library is losing out this character of schooling and gaining her real space, which is the space of culture. So, more recently, around 2010, she is gaining power in cultural programming, and so she keeps the collection and this role as a library, a place for research, study, activities, and reading.

 

    Question: How is the collection, do people look a lot to do research?

    Answer: The collection is numerically 36,000 almost 37,000, which is a reasonable collection. And also follows the line I said earlier (when she showed us the books before the interview), formerly it was a collection very focused on textbooks, on research books. And now more than 60% is literature, which is also going this way, is moving towards culture, and moving away from schooling, we have a collection that comes from the library coordinator's own purchase, practically every month come new books, always with a great focus on literature, or releases, or also college entrance books, this still has a great importance in the collection and is very much necessary. There is a demand for use, use for research is small, use for literature lending is quite reasonable, not only for loans but also for activities. There is a children's collection downstairs, at lunchtime a lot of children who are going or leaving school, who likes it a little, sometimes the C.E.I here for example, every day comes with the children to make a mediation, but that's always more walking to this side of literature itself.

 

    Question: How important do you think the library is to the neighborhood?

   Answer: I think it's totally important; we're the only public equipment of the secretary of culture in Perus. I think the library has this role of providing many things that go far beyond reading, programming, not just programming (theater?), but meeting courses, meeting spaces. A space of nothingness, as I said, one is here on Bom Prato, one is here for being, quietly. It does not necessarily have to be developing an activity, but a space for living, meeting, I think it is a… (it's a multifunctional space) totally like that, and it's also something that I like to repeat, it's the only public equipment, the libraries being cultural, they're really open to the public, because you don't have to come in here and say "I'm going to do such a thing", you come in and put your name which is a statistical thing that we do, and that's it, nobody will ask you "oh, but you're not reading, why are you here?”.

 

    Question: And what do you think about this massive closure we are having of bookstores, and the substitution of physical books for virtual ones?

    Answer: This is quite a theme. I don't think there is actually a substitution of the physical book for the virtual one in terms of literature, academic terms, to be sure. But literature itself is insignificant, the eBooks is 3% of production, people in general made a big bet on this substitution that did not materialize, quite the contrary it even had a higher point in the use of electronic, but did not make it possible. It was not possible… (Julia: Even with this technological advance) Even with everything, it will not, the market does not grow. I don't think it's as much as 3% of the eBook, but in terms of academic books, that's really impressive. So, I think it even interferes a little with the library in that sense that I talked about research, to have so much research schooling, because really, you pull your thesis, pull scientific articles, anything on the internet that is reliable and guaranteed. So the library, at least the public library will lose that role, but in terms of literature and our larger focus, it has no change. It does not really impact. I don't have any deeper data, but I know people didn't joined.

 

    Question: How does this impact the library?

    Answer: It doesn't even impact. And I'd say people don't even ask. And don't even say, “Do you borrow electronics?” Not here, perhaps more central libraries, but here I don't see this demand. And it does not work, we know it does not work, even with us, we buy the device, it is not the same to read literature there, and read literature on paper, is another relationship. It is and as always, it is historically, it is the classic, when they launched the TV the radio would end, the radio is not over, and I think you can live too - there's space for both - there's space for everything.

Escrito por Vanessa Barros e traduzido por Gianluca Caponi

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